segunda-feira, 29 de março de 2010

O que a gente guarda debaixo de sete chaves...


Hoje meus pensamentos se encontram novamente com uma música, desta de vez, de outro grande poeta, brasileiro, Milton Nascimento, chama-se Canção da América e digo que essa música não diz, ela grita o seguinte:

"Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou

Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar ..."


Lembrei dessa música...porque estava a fazer um "rewind" das minhas amizades, dos meus laços familiares, de tudo aquilo que a gente guarda, debaixo de sete chaves, do lado esquerdo do peito. Pessoas, lembranças, momentos. O que foi bom, o que não foi tão bom e nos ensinou..."pois seja o que vier e venha o que vier, qualquer dia a gente vai se encontrar..." Essa música, como a de Chico, Roda Viva, também tem seu fundo político. Mas hoje não me apetece estar a discutir as entre-linhas... apetece-me escrever sobre aquilo me vai na alma mesmo. Diante de tudo que foi entrega com retorno e sem retorno, que foi encontro ou desencontro, que foi doação completa e valeu a pena ou que deixou o vazio de perder um pedaço valioso de mim mesma, que foi idas e vindas, que foi presença e ausência, distância ou proximidade exagerada, tudo que foi demais ou de menos e... "quem cantava chorou"... ao ver que perdeu, que às vezes não há volta, que as vezes o caldo entorna realmente e há laços que não podem voltar a ser atados, nas amizades, no amor, na família. Não importa quão forte e quão grande "pareça" ser o desespero do outro, muitas vezes doentio e manipulador, não há volta... nesses casos eu penso se "seja o que vier e venha o que vier, qualquer dia a gente vai se encontrar". Será? Uma dessas pessoas que me marcou muito... que foi uma doação completa, entrega, presença, proximidade...uma pessoa que tudo foi sentido demais e exageradamente a ponto de sufocar, mesmo assim me ensinou algo, aliás sempre aprendemos com quem nos faz feliz e com quem permitimos nos fazer sentir infelizes, porque no final das contas, o rumo, o destino, a estrada, os limites, somos nós que impomos, (lol lembrei-me agora: "é a pronúncia do norte, corre um rio para o mar" dos GNR, outra música), bem mas o facto é que o exemplo que me foi dado, serve-me até hoje, para pensar muito bem antes de agir, foi vincar com muita força uma folha de papel, deixá-la bem machucada, cheia de marcas. Depois ela foi-me dada às mãos e pedido para eu fazer esse papel voltar a ser o que era... Claro, impossível. Pois é, há palavras que são ditas, gestos que são vistos, argumentos que são usados, erros que são cometidos que por mais que tentemos voltar no tempo ou continuar e pensar que isso será ultrapassado. Há coisas que nunca o são. Eu cheguei há muito tempo a uma conclusão, pode-se perder o amor, recupera-se, mas não se pode perder o respeito, porque a partir daí não recuperamos mais nada. Nem o amor... seja ele do tamanho que for, tenha a proveniência que tiver... tenha sido o laço mais forte da nossa vida, ou o mais tênue. Não há maneiras.

Eu tenho uma característica de guardar muito bem as amizades, os amores, a família, debaixo de sete chaves e do lado esquerdo do peito... Como grita a música de Milton, e tenho um limiar de frustração muito extensível o problema é que quando atinge a extensão máxima arrebenta, e para mim o retorno é muito difícil. As minhas rupturas, o adeus, na sua maioria aconteceram uma única vez, porque antes disso, já deixei muito água passar debaixo da ponte e como diz a música de Chico: "A gente vai contra a corrente, até não poder resistir, na volta do barco é que sente, o quanto deixou de cumprir. Faz tempo que a gente cultiva . A mais linda roseira que há. Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá... "

Mas o que vale é que há amizades, há amores, há Pais, que valem a pena serem guardados a sete chaves e do lado esquerdo do peito. Bem dentro do coração! :o) Hoje calei fundo...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Rapidamente um Bom Final de Semana :o)



Estava aqui com meus pensamentos, a tentar um encontro com eles, porque devo confessar, andam desencontrados, principalmente dos meus sentimentos. Da minha realidade actual. Às vezes vêm o cansaço... mas de repente, aparece alguém, e como é bom quando nos é especial, que toma 5 segundos ou um pouco mais do seu tempo e nos deseja um verdadeiro bom final de semana, que mesmo na escrita, sente-se o carinho e a amizade. Mesmo que seja assim, tão Vapt e Vupt essas palavras ela nos apaziguam a alma...nos retomam o fôlego. Eu não preciso dizer quem o fez, essa pessoa tão especial também não tem a necessidade de ver aqui seu nome escrito, mas se por acaso por aqui passar, saberá que essa nota de agradecimento lhe pertence! Obrigada e bom final de semana a todos!

Entrou por um ouvido e saiu pelo outro...


Por que deste ditado popular? Bem... porque muitas vezes ouvimos e nem sempre escutamos...costumo dizer a quem está a conversar comigo, quando me sinto, meio a divagar, para confirmar que estou a escutar com ouvidos atentos.


Gramaticalmente também há uma diferença:


Ouvir: "Entender, perceber pelo sentido do ouvido, escutar o discurso, as razões, os conselhos, etc" (Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)


Escutar, por sua vez, significa "... prestar atenção para ouvir; dar atenção a ; ouvir, sentir, perceber...tornar-se ou estar atento para ouvir; dar ouvidos a ; aplicar o ouvido com atenção para perceber ou ouvir..." (Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e Novo Aurélio).


Percebe-se, então, que o ouvir é mais superficial do que o escutar. Para escutar, faz-se necessária a utilização de uma função específica, a saber, dar atenção. Requer, assim, ouvidos mais apurados, atentos ao que o outro fala... Escutar implica em ouvir, contudo a recíproca não é verdadeira. Quem escuta, ouve; mas quem ouve não necessariamente escuta.


Devo confessar que não ser "escutada" é das coisas que mais me enervam... deixa-me à flor da pele. Porque eu procuro escutar o outro e quando não estou nos meus dias de escutar, só de ouvir, acho que o outro merece ser avisado.


Hoje ia falar de amor... das várias formas de amar... mas a manhã se desenrolou de tal forma, mal "escutada" que decidi falar desse provérbio que ouvimos tantas vezes, mas se calhar não paramos para o escutar :o) O amor... fica para outro dia... Porque hoje não consigo escutá-lo, sendo assim, não consigo escrever sobre ele... E, por favor, nesse mundo, cheio de pressa, vamos tentar escutar o outro... Os que merecem... Porque muitas vezes realmente é melhor entrar por um ouvido e sair pelo outro...


quinta-feira, 25 de março de 2010

Roda Viva


Tem uma música do Chico Buarque que adoro, chamada Roda Viva! Diz assim: "Tem dias que a gente se sente. Como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente, ou foi o mundo então que cresceu... A gente quer ter voz ativa. No nosso destino mandar. Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá ... Roda mundo, roda gigante. Roda moinho, roda pião...
O tempo rodou num instante. Nas voltas do meu coração... A gente vai contra a corrente, até não poder resistir, na volta do barco é que sente, o quanto deixou de cumprir. Faz tempo que a gente cultiva . A mais linda roseira que há. Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá... A roda da saia mulata, não quer mais rodar não senhor. Não posso fazer serenata, a roda de samba acabou... A gente toma a iniciativa, viola na rua a cantar, mas eis que chega a roda viva e carrega a viola prá lá... O samba, a viola, a roseira, que um dia a fogueira queimou. Foi tudo ilusão passageira, que a brisa primeira levou... No peito a saudade cativa. Faz força pro tempo parar, mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá ... " Sei que quando Chico escreveu isso, usou de muitas metáforas políticas...num Brasil, onde a única forma de se expresssar era por metáforas. Onde não se tinha voz activa, um militarismo cheio de censura. Mas essa música me comove em certas alturas da vida e me toca de uma forma especial, aliás Chico me toca de forma especial, humana, transparente...como eu gosto. Porque eu gosto de gente assim, como li em certo sítio, "gente grande, gente larga, gente espaçosa, -por dentro-, gente com varanda, cobertura, pátio e vista, gente ampla, gente latifúndia - produtiva ou não- gente crescida e crecente, gente expandida, expansiva. Gente onde cabe a gente dentro, gente em quem a gente pode se hospedar (e como é raro hoje em dia encontrar tais pessoas, a maioria prefere que a hospedagem seja sempre o outro, e na hora que o outro precisa, não há quartos vagos), pode morar, pode deitar e rolar. Gente onde há vagas!" Mas como disse, cada vez mais sinto que EU tenho que sempre ter vagas, mas quando chega a minha vez não há vagas... mas eu não gosto de gente assim. Por isso continuando um pouco o encontro de ontem, outra mudança que fiz na minha vida também é essa, tenho vagas para quem também as tem para mim :o). Esses: Sejam muito Benvindos!!!!! Há coração de sobra aqui!!! Mas voltando a música de Chico... como disse essa letra me comove... porque talvez no momento ela traduza o que sinto na vida...mas não o que quero continuar a sentir. Estou a fazer uma limpeza, a ter voz activa, para no meu destino mandar. Para não estancar e não permitir que me coloquem barreiras, normas, leis de como posso ou devo viver. Porque a gente vai contra a corrente...até não poder resistir... E simplesmente não posso resistir. Desta vez é a minha vez...Podia escrever uma daquelas frases dos acúcares da Nicola: "Um dia será o meu dia... O dia é Hoje!!!" E isso custe o que custar e a quem custar... Porque já custaram muito a mim... as perdas, os amores, os desamores, as amizades, os dessabores delas, os laços familiares, nem sempre saudáveis... Hoje corto com tudo que não me traga de volta aquela vontade, de dar aquela gargalhada, que só quem me conhece bem, sabe como é e como sabe bem... E Viva o que é verdadeiro e transparente...o que faz a roda viva, na vida, no amor, na amizade, na inteligência... e Hoje não poderia deixar de citar o pensamento do dia, de outro blogue que acompanho, "Lareira dos pensamentos", que diz:"A felicidade consiste em preparar o futuro, pensando no presente e esquecendo o passado se foi triste." John Ruskin

quarta-feira, 24 de março de 2010

Meu Primeiro encontro...



Esse é meu primeiro encontro com meus pensamentos no meu blogue... Lembra-me de um primeiro encontro com o ser amado, ou que desejamos que o seja, ou que o será ou não será... sei lá... Só sei que a sensação é a mesma, não sei se estou transmitindo, neste caso, não a linguagem corporal correcta, mas a linguagem gramatical correcta... se estou a ir bem, ou mal, a cativar a vossa atenção ou não. Sei que haverá, como há dentro de mim, uns toques portugueses e outros toques brasileiros. Não se nega a origem, a pátria amada...Brasil...mas também não se nega a pátria que se escolhe com o coração: meu Portugal. Acho que já o posso chamar de meu. Já o é há três gerações, vindas do norte e espalhadas por esse mundo... O Norte, o Douro que adoro, que me faz respirar calmamente, que as vezes tanto necessito sentir aquele ar sobre mim... Tanta saudade me trás... Saudade da minha gente!! Meio cá, meio lá. É como estão meus pensamentos, é como eles se encontram nesta etapa da minha vida, em meio a um caminho, que não sei muito bem onde dará. Só tenho a certeza que dessa vez será meu e por mim... Não farei muitos encontros com o passado, porque quem dele vive, é museu, mas será citado, com toda certeza. Mas aprendi com pessoas, que por algum motivo passaram pela minha vida, deixando seus rastos... que me ensinaram, sem saber, ou mais tarde seria forçada a perceber, que olharmos sempre ao próximo, sem nem repararmos em nós, nos traz a pior solidão que há, aquela mesmo dentro de nós, não importando se existam ou não pessoas a nossa volta. Essas pessoas, essas vivências...me levaram a um encontro comigo mesma e me fizeram entender realmente que para amar é primeiro necessário amar a mim mesma!